Ocitocina e autismo

Já falamos, quando entrevistamos o Dr. Emilio Santos, sobre a possível relação entre o uso de ocitocina sintética no parto e altos índices de autismo, chegando a essa conclusão, com base, entre outros trabalhos, em um estudo publicado em 2008 por Uma equipe de pesquisadores suecos.

Hoje apresento um artigo recentemente publicado no Journal of Psychiatry and Mental Health pelos médicos Ibone Olza (psiquiatra), Miguel Ángel Marín (neonatologista), Francisco López (obstetra) e Ana María Malalana (neonatologista) do Hospital Puerta de Hierro de Madrid, o que reforça a ideia de que pode haver uma relação entre autismo e alteração da produção endógena de ocitocina natural.

A ocitocina tem um papel decisivo nas contações uterinas que levam ao nascimento e também à ejeção do leite. Hoje sabemos que, além disso, está relacionado a comportamentos sociais como apego à mãe, sexualidade e comunicação.

Nos mamíferos, verificou-se que interferir no período sensível da criação afeta o comportamento e até os mecanismos neuronais.

No ser humano, a produção de ocitocina endógena Aumenta no período imediatamente após o parto e no início da amamentação, com picos em cada amamentação, favorecendo a sensação de união amorosa com o recém-nascido e diminuindo o limiar da dor. No entanto, a produção de ocitocina natural é interrompida se for utilizada ocitocina sintética ou ocorrerem situações de estresse, aumentando a produção de cortisol.

Parto programado, o uso de antagonistas da ocitocina no parto, cesariana, descarte da amamentação e separação do bebê altera a produção materna de ocitocina e isso, além do comportamento da mãe, parece que pode refletir sobre a atividade do bebê, tanto por razões biológicas quanto por refletir sobre o comportamento materno.

Isso é especialmente significativo quando se trata do início precoce da amamentação, para o qual o bebê humano é programado por ocitocina e cheiro. Esse momento crucial na vida do recém-nascido é seu primeiro e mais importante contato com a mãe através do olhar e da comunicação sensorial.

O autismo, como um distúrbio do desenvolvimento, implica alterações na capacidade de se comunicar, na capacidade de interação social e no aparecimento de comportamentos repetitivos.

Está se aprofundando o estudo da possível relação entre a alteração da ocitocina natural e o autismo, levando em consideração que existem fatores epigenéticos importantes que determinariam a apresentação do distúrbio nos indivíduos propensos, o impacto nos machos sendo significativamente maior, como em outros mamíferos, assim como o número de machos humanos com autismo é maior.

Dadas as evidências do papel da ocitocina no comportamento social, comunicativo e emocional do ser humano, ainda é necessário continuar investigando, na opinião dos autores, na relação do autismo com a alteração da ocitocina natural no nascimento e no período sensível.

Vídeo: USO DE OCITOCINA NO AUTISMO - PARTE 1 (Pode 2024).